Fraturas da Tíbia e Fíbula
Índice
1. Fratura nos ossos da perna
2. O que ocorre quando perna quebra?
3. Diagnóstico e exames complementares
4. Tratamento de fratura da tíbia e da fíbula
5. Recuperação de fratura da tíbia e da fíbula
6. Complicações de fraturas dos ossos da perna
7. Conclusão
8. Referência
1. Fratura nos ossos da perna
A tíbia é o principal osso da perna (“osso da canela”), pois ela suporta 80% do peso corporal. Apesar da fíbula ser responsável por apenas 20% da carga sobre a perna, ela é especialmente importante na estabilidade da articulação do tornozelo.
2. O que ocorre quando perna quebra?
A perna é o segmento corporal entre o joelho e o tornozelo e é composta por dois ossos: a tíbia e a fíbula. Quando o indivíduo tem sua perna quebrada, geralmente a fratura da tíbia, está presente. Por ser um osso subcutâneo, tem uma incidência maior de fraturas expostas.
Ambos os ossos da perna podem ser divididos em três segmentos:
– O segmento proximal (planalto tibial), articula com o fêmur na região do joelho
– O segmento diafisário (intermediário), constituído pelo eixo longo do osso
– O segmento distal (pilão tibial e maléolos), que se articula com o tálus na região do tornozelo
Da mesma forma que o fêmur, as fraturas da tíbia são na maioria das vezes incapacitantes, impossibilitando os pacientes de caminharem sem o auxílio de imobilizações e causando dores intensas ao movimentar. Apesar de mortalidade menor quando comparada às fraturas do fêmur, as fraturas da tíbia apresentam um índice de complicações mas elevado, pois também estão relacionados a traumas de alta energia, como acidentes de moto ou carro, ou esportes radicais. Além disso, possuem o agravante de ser um osso superficial, com risco muito maior de ocorrerem fraturas expostas e síndrome compartimental, com sequelas permanentes, incapacitantes e graves.
Como comentado no parágrafo anterior, as fraturas dos ossos da perna ocorrem com maior frequência em traumas de alta energia, entretanto, fraturas podem ocorrer decorrentes de traumas de menor energia em pacientes idosos (com osteoporose ou osteopenia) ou em mecanismos torcionais, como é o caso das fraturas do tornozelo (assunto mais aprofundado em “fraturas e luxações do pé e tornozelo”).
3. Diagnóstico e exames complementares
O entendimento do mecanismo de trauma é fundamental para avaliar a gravidade da fratura. As características do perfil do paciente são fundamentais para estimar a evolução do quadro e decidir a melhor escolha do tratamento. Geralmente, os pacientes apresentam dor, limitação do movimento, edema (inchaço), alteração da coloração da pele (roxo ou vermelho) e eventualmente deformidades.
É necessário um cuidado especial na avaliação das partes moles, como pele, músculos, tendões, nervos e vasos sanguíneos. Eles são determinantes no desfecho final do tratamento. Essas estruturas podem ser avaliadas testando a sensibilidade ao toque, pedindo para o paciente que realize movimentos com os dedos, palpando os pulsos arteriais, observando a perfusão sanguínea do membro e sua temperatura.
Em traumas de alta energia sempre devemos investigar lesões associadas de outros segmentos corporais e órgãos. Nestes casos a realização do ATLS (Advanced Trauma Life Support) é fundamental.
De uma forma geral, a realização de radiografias é suficiente para o diagnóstico dessas fraturas e planejamento do tratamento, seja ele clínico ou cirúrgico. Eventualmente, tomografias podem ser indicadas para a avaliação das superfícies articulares do planalto tibial e do pilão tibial.

4. Tratamento de fratura da tíbia e da fíbula
Fraturas menores ou fraturas estáveis com pouco desvio podem eventualmente ser tratadas sem cirurgia. Da mesma forma, fraturas em crianças também costumam evoluir bem com o tratamento conservador. Habitualmente, ele é feito com imobilização gessada que engloba a coxa até o pé, visando garantir estabilidade suficiente para evitar um desvio inadequado da fratura. Em pacientes idosos devemos ter atenção redobrada em relação às partes moles, pois as mesmas são muito mais delicadas do que em jovens.
Para as fraturas da tíbia ou fíbula desviadas em adultos damos preferência pelo tratamento cirúrgico, visando a reabilitação precoce e minimizando o risco de sequelas. As opções de tratamento cirúrgico incluem:
– Placas e parafusos: mais indicadas em fraturas da fíbula ou fraturas tibiais próximas às articulações do joelho e do pilão tibial/tornozelo
– Hastes intramedulares bloqueadas: indicadas para fraturas da tíbia no seguimento diafisário no adulto
– Hastes intramedulares flexíveis: indicados para fraturas tibiais do segmento diafisário na criança
– Fixador externo circular (Ilizarov) ou monoplanar: indicados para fraturas da tíbia mais graves, tanto para o tratamento provisório quanto para o tratamento definitivo de fraturas.
Obs: de maneira geral, o tratamento cirúrgico das fraturas da fíbula são na maioria das vezes realizados com placas e parafusos, o uso de hastes é de excessão.

5. Recuperação de fratura da tíbia e da fíbula
O tempo médio de consolidação dessas fraturas varia entre 8 a 12 semanas, mas a região que foi fraturada, idade do paciente, lesão de partes moles e doenças associadas podem interferir negativamente nesse tempo. De uma maneira geral as fraturas da tíbia tem consolidação mais demorada que as da fíbula.
Os pacientes submetidos ao tratamento cirúrgico, na grande maioria das vezes, não necessitam de utilizar imobilização pós-operatória e podem dar carga precoce no membro. Quando a fixação cirúrgica é feita através de hastes intramedulares, os pacientes podem realizar descarga parcial de peso, principalmente quando existe contato entre os fragmentos ósseos. Nos casos onde é feita a fixação com placas e parafusos, os pacientes podem encostar o pé no chão, entretanto não devem apoiar o peso do corpo sobre a perna operada.
A fisioterapia é fundamental na recuperação destes pacientes, ela deve ser realizada assim que possível. Pacientes com imobilização gessada devem aguardar para iniciar a fisioterapia. Por outro lado, pacientes com imobilizações removíveis ou submetidos ao tratamento cirúrgico, devem iniciar o tratamento fisioterápico logo durante a internação e manter até a plena recuperação.
6. Complicações de fraturas dos ossos da perna
Como comentado anteriormente, o risco de óbitos é muito menor quando comparado ao das fraturas do fêmur, porém a incidência de complicações pode ser maior.
As complicações mais frequentes são:
– Osteomielite e infecções ortopédicas
– Pseudoartrose e atraso na consolidação da fratura
– Consolidação viciosa (deformidade óssea que pode gerar deformidade, desalinhamento e encurtamento do membro)
– Artrose, principalmente nas fraturas que envolvem os segmentos articulares

7. Conclusão
Como discutido anteriormente, as fraturas dos ossos da perna apresentam uma incidência maior de complicações, e quando presentes podem ser permanentes, necessitando de um traumatologista experiente para a condução do caso e melhor desfecho clínico.
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