Lesão do Ligamento Cruzado Posterior
Índice
1. Lesão do Ligamento Cruzado Posterior
2. O que é o ligamento cruzado posterior (Anatomia e função)
3. Epidemiologia e mecanismo de lesão
4. Ligamento Cruzado Posterior – Sintomas
5. Classificação das lesões ligamentares do joelho
6. Exames de Imagem
7. Tratamento das Lesões do Ligamento Cruzado Posterior
8. Cirurgia do ligamento cruzado posterior
9. Conclusão
10. Referências
1. Lesão do Ligamento Cruzado Posterior
Você sabia que o ligamento cruzado posterior (LCP) é o ligamento mais importante a articulação do joelho?
O ligamento cruzado posterior apresenta importância única na estabilização da articulação do joelho. Isto ocorre, pois ele está situado no centro de rotação da articulação e é a estrutura ligamentar mais resistente da articulação.
2. O que é o ligamento cruzado posterior (Anatomia e função)
Como o próprio nome diz, ele apresenta trajeto oblíquo em relação ao ligamento cruzado anterior (LCA) na região interna do joelho, conhecida como intercôndilo. Conecta os ossos do fêmur e da tíbia indo de uma direção mais anterior do fêmur para posterior na tíbia, evitando com quem a tíbia vá para trás em relação ao fêmur durante os movimentos do joelho.
Da mesma forma que o LCA, ele é composto por duas bandas:
– Anterolateral: que dá mais estabilidade com joelho dobrado (mais espessa e resistente)
– Posteromedial: proporciona a maior estabilidade quando o joelho está esticado.

3. Epidemiologia e mecanismo de lesão
O LCP é responsável por cerca de 3 a 20% de todas as lesões ligamentares do joelho, sendo a grande maioria associada a lesão de outros ligamentos (aproximadamente 70%).
Por se tratar de um ligamento com alta resistência, geralmente suas lesões estão associadas a traumas de alta energia, como esportes radicais, esportes de contato, acidentes automobilísticos e motociclísticos. A lesão clássica descrita durante os acidentes automobilísticos é conhecida como “lesão do painel”, onde a colisão direta da região anterior do joelho flexionado empurra a tíbia para trás ocasionando a lesão do ligamento cruzado posterior.
A lesão combinada dos demais ligamentos do joelho são frequentes, assim como lesões do mecanismo extensor do joelho e vasculares, podem ocorrer.
Outros mecanismos de trauma descritos da lesão do LCP incluem:
– Hiperextensão do joelho
– Hiperflexão do joelho com força anterior na tíbia
– Hiperflexão do joelho com força posterior no fêmur
– Hiperflexão do joelho com estresse em varo ou valgo
4. Ligamento Cruzado Posterior – Sintomas
Lesão aguda do ligamento cruzado posterior: os pacientes costumam apresentar graus variáveis de dor, edema, derrame articular e equimose (pele roxa). Devido a energia do trauma e gravidade da lesão, lesões de nervos, artérias e veias devem ser descartadas. A avaliação da estabilidade articular é fundamental, mas muitas vezes pode estar comprometida devido ao quadro clínico inicial de dor significativa, derrame articular e limitação do movimento. Estes pacientes devem ser reavaliados sempre que possível procurando também excluir lesões de outros ligamentos que podem estar associadas.
Lesão crônica do ligamento cruzado posterior: muitas vezes algumas lesões passam desapercebidas no trauma inicial, pois apresentam lesões associadas mais graves, como fraturas ou luxações. Outra forma que podem passar desapercebidas ocorrem nas lesões isoladas que não comprometem tanto a estabilidade do joelho.
Nestes casos crônicos, frequentemente os pacientes referem quadro clínico similar ao da osteoartrose, com comprometimento principalmente do compartimento tibiofemoral medial e a articulação patelo-femoral. Da mesma forma que nas lesões agudas, a exclusão de lesões ligamentares e meniscais associadas é fundamental.

Teste De Gaveta Anterior
Os testes mais utilizados para se testar a estabilidade do ligamento cruzado posterior são: Lachman posterior, gaveta posterior e Godfrey, em que observamos a posteriorização da tíbia em relação ao fêmur. Lembrar sempre de avaliar os ligamentos cruzado anterior (LCA), colateral medial (LCM) e colateral lateral/canto póstero lateral (LCL/CPL).

Teste de Lachman
5. Classificação das lesões ligamentares do joelho
Da mesma forma que as lesões do LCM e CPL, as lesões do LCP são categorizadas em 3 graus de acordo com o deslocamento da tíbia em relação ao fêmur:
Grau I – deslocamento posterior da tíbia até 5 mm.
Grau II – deslocamento entre 5 e 10 mm.
Grau III – deslocamento maior que 10 mm.
6. Exames de Imagem
Na investigação do paciente com suspeita de lesão de ligamento cruzado posterior, os dois principais exames utilizados são: a radiografia e a ressonância magnética.
A ressonância magnética permite avaliar todas as estruturas ligamentares, meniscais, cartilaginosas e ósseas, porém no caso de uma lesão parcial ou uma lesão crônica, onde o ligamento cruzado posterior apresenta-se cicatrizado, pode ocorrer dúvida diagnóstica.

A radiografia permite identificar lesões ósseas ou luxações na articulação do joelho. A radiografia de perfil com uma força de posteriorização da tíbia permite quantificar o grau da lesão, principalmente útil em casos crônicos ou lesões parciais, que geram dúvida na identificação pela ressonância magnética.

7. Tratamento das Lesões do Ligamento Cruzado Posterior
O quadro clínico e sintomas dos pacientes com lesões do ligamento cruzado posterior são muito variáveis, assim devemos considerar na tomada adequada de conduta a sua queixa, o tempo do trauma, suas atividades laborais e esportivas, bem com suas expectativas com relação ao tratamento proposto.
As lesões do LCP não regeneram, mas podem apresentar cicatrização satisfatória com o tratamento correto. Mesmo com algum grau de instabilidade é possível pessoas caminharem e levarem vida normal, mesmo com uma ruptura do ligamento previamente.
O tratamento conservador é indicado inicialmente para todos os pacientes com lesão grau I e grau II. Fisioterapia e reabilitação adequada são fundamentais para o sucesso do tratamento, dando enfoque para recuperação da amplitude de movimento, fortalecimento do quadríceps e treinos de equilíbrio (propriocepção).
8. Cirurgia do ligamento cruzado posterior
O tratamento cirúrgico é reservado para pacientes com lesões combinadas, como do LCA e/ou do CPL, avulsão óssea aguda e lesões crônicas que persistem com sintomas após o tratamento conservador adequado. As lesões grau III isoladas apresentam certa controvérsia, devendo-se avaliar individualmente o perfil do paciente.

A indicação do tratamento cirúrgico para lesões do ligamento cruzado posterior é menos frequente quando comparada ao do ligamento cruzado anterior, pois muitos pacientes apresentam resultado satisfatório com o tratamento conservador, seus resultados cirúrgicos não costumam ser tão bons quanto da reconstrução do LCA, e apresentam um risco maior de complicações.

9. Conclusão
Como vimos, o ligamento cruzado posterior apresenta importância fundamental na estabilização da articulação do joelho. É um ligamento extremamente resistente, com prevalência maior em traumas de maior energia. Por sorte, uma pequena parcela dos indivíduos com lesões ligamentares no joelho necessitará de um procedimento cirúrgico de reconstrução do ligamento cruzado posterior. O diagnóstico precoce e reabilitação adequada é fundamental para se evitar a necessidade de cirurgia, assim como a progressão da osteoartrose e permitir o retorno à prática esportiva.
10. Referências:
–Lesões do LCP: sintomas e causas (em inglês)