O que é o ligamento cruzado anterior, qual sua função e sintomas da ruptura

Na correria do dia-a-dia, nem sempre nos damos conta, mas o joelho é extremamente fundamental para nossas atividades cotidianas – e também esportivas. Afinal, é graças a ele que podemos realizar diversos movimentos como caminhar, correr, saltar, sentar, agachar, subir e descer escadas e chutar.

No entanto, o que esta articulação tem de importante, tem também de complexa, pois além de reunir funções como estabilizar o peso do corpo e gerar um alto grau de flexibilidade que nos permite tantos gestos, também se caracteriza por uma formação com diferentes estruturas ósseas e tecidos moles.

A propósito, é nesta composição que se encontra o Ligamento Cruzado Anterior, um tecido fibroso que falaremos mais a seguir e que é parte indispensável de toda esta engenhosidade, como é possível ver na imagem abaixo que mostra a complexa anatomia do joelho.

Anatomia Do Joelho (meniscos E Ligamentos) Imagem

Anatomia do Joelho

Função do Ligamento Cruzado Anterior

Localizado no interior do joelho, o Ligamento Cruzado Anterior é uma espécie de cordão formado por fibras de colágeno com uma extensão que pode ir de 25mm a 41mm, ligando a extremidade inferior do osso da coxa (fêmur) à extremidade superior do osso da perna (tíbia). Esta estrutura é dividida em duas bandas, que realizam diferentes funções.

Acionada nas flexões do joelho acima dos 60 graus, a banda ântero-medial (menor) é a que mantém a tíbia em seu devido lugar, evitando um deslocamento à frente em relação ao fêmur. Já a póstero-lateral (maior) oferece estabilidade em diferentes movimentos – desde a extensão total até flexões moderadas, como 45 e 60 graus – além de impedir excessivos movimentos de rotação.

Além disto, é o Ligamento Cruzado Anterior que envia ao cérebro informações sensoriais que partem da parte interna do joelho, ajudando o indivíduo a controlar melhor seus movimentos.

Fatores de risco e Mecanismo da ruptura

Ligamento cruzado anterior

Ruptura completa LCA

Por tamanha complexidade, o joelho pode se tornar um alvo em potencial de diferentes tipos de lesão, entre eles, a ruptura das fibras de colágeno do Ligamento Cruzado Anterior.

Este distúrbio pode ser parcial, quando apenas uma banda é afetada, e o processo de cicatrização pode ocorrer naturalmente; ou total (que corresponde a 95% dos casos), quando as duas bandas são rompidas, levando o joelho a um estado de instabilidade, sem cicatrização.

O quadro pode se agravar ainda mais quando outros distúrbios acompanham a ruptura no Ligamento Cruzado Anterior. São as chamadas lesões associadas, que, na maioria dos casos, acometem o menisco medial (também encontrado na parte interna do joelho), o Ligamento Colateral Medial e a cartilagem articular.

Agora, a pergunta que não quer calar: o que pode levar uma pessoa a sofrer com uma ruptura no Ligamento Cruzado Anterior? Vamos às causas.

Conforme mencionado no início do artigo, a variedade de movimentos que os joelhos nos permitem realizar representam não só maior mobilidade, mas também um risco mais elevado de lesões.

No entanto, embora possam, sim, acometer qualquer indivíduo em ambiente doméstico ou num escritório, por exemplo, tais distúrbios têm como vítimas mais recorrentes atletas e pessoas que praticam esportes com mais intensidade.

Entre as contusões mais comuns durante atividades esportivas, estão o trauma por choque com uma estrutura ou outra pessoa; a entorse, que se dá quando há uma rotação extrema da coxa, com o pé fixo no solo, durante uma mudança brusca de direção ou pouso após um salto; e hiperextensão brusca, quando o indivíduo estica o joelho com demasiada força, seja numa aterrisagem sem a devida flexão da articulação ou num chute em falso.

E dentro do grupo de atletas e pessoas que realizam atividades esportivas com mais intensidade e frequência, há ainda um subgrupo mais suscetível a sofrer com lesão no Ligamento Cruzado Anterior: as mulheres.

As explicações são diversas, desde uma resistência menor na força muscular e no condicionamento físico em relação aos homens até uma maior frouxidão ligamentar e a presença de hormônios femininos nas propriedades dos ligamentos.

Sintomas

Em quadros de lesão no Ligamento Cruzado Anterior, o primeiro sinal é um estalo no exato momento da ruptura. A partir daí, o indivíduo deve sofrer com dor intensa e, possivelmente, inchaço no local.

É comum também ocorrer uma limitação nos movimentos do joelho, desconforto durante caminhadas, sensibilidade na linha da articulação e instabilidade na articulação (falseio) – que pode ser mais acentuada ou menos, de acordo com a gravidade da lesão.

Este, inclusive, costuma ser o sintoma crônico da lesão no Ligamento Cruzado Anterior, já que com o passar do tempo, a dor e o inchaço tendem a reduzir consideravelmente.

Diagnóstico da lesão

Caso perceba algum destes sintomas, é importante que o indivíduo procure um ortopedista a fim de confirmar ou não a lesão no Ligamento Cruzado Anterior.

Para chegar a um diagnóstico, o profissional pode começar perguntando ao paciente a respeito do histórico da lesão e como se deu o trauma, para, em seguida, realizar um exame físico, com testes específicos, analisando cada banda do ligamento e outras estruturas da articulação.

Neste exame, o médico pode observar movimentos como de rotação e anteriorização da tíbia em relação ao fêmur, além de sinais, caso haja mesmo a lesão, como o demasiado deslocamento anterior da tíbia. Só este procedimento, no entanto, pode não ser o suficiente para um diagnóstico mais preciso.

Lesão Total (a) E Parcial (b) Do Ligamento cruzado anterior

Lesão total (A) e parcial (B) do LCA

O ortopedista pode solicitar também uma Ressonância Nuclear Magnética (RNM), que pode detectar com mais precisão a ruptura do ligamento (se foi parcial ou total, por exemplo), além de traumas em outras estruturas, como meniscos e cartilagem.

Tratamentos

Existem diferentes métodos para tratar um quadro de lesão no Ligamento Cruzado anterior.  Para definir o mais adequado, o ortopedista leva em consideração diversos fatores, como, por exemplo, idade e profissão do paciente, frequência e intensidade da prática de atividades físicas, sintomas remanescentes e presença de lesões associadas.

Outro ponto levado em consideração também é como o paciente reagiu à lesão. Por isto, são definidas três categorias na quais ele pode ser enquadrado:

– Paciente compensante: aquele que conseguiu compensar a lesão parcial, com dores e instabilidade dentro de um nível razoável.

– Paciente adaptável: o que sente instabilidade e dor apenas em poucas ocasiões e não apresenta lesões associadas.

– Paciente não-compensante: são os que não puderam compensar o trauma e ainda sofrem com instabilidade, limitação de movimentos e atividades, além de perda funcional.

Nos dois primeiros casos, o mais indicado é o tratamento conservador, no caso, a fisioterapia. No estágio inicial, é indicada a eletrotermofototerapia, que controla o edema articular e reduz a dor. Em seguida, o ortopedista pode recorrer a exercícios de controle do movimento dos membros inferiores e de equilíbrio, que têm como objetivo principal o fortalecimento dos grupos musculares, não só no joelho, mas também no quadril.

Reconstrução Do Ligamento Cruzado Anterior + Posterior Com Dupla Banda

Já para os chamados pacientes não-compensantes, a recomendação, em geral, é de cirurgia. A técnica mais difundida entre os médicos atualmente é a artroscopia, por ser eficaz e menos invasiva.

Seu objetivo é substituir o Ligamento Cruzado Anterior lesionado por um enxerto de tendões – os mais utilizados são os flexores (semitendíneo e grácil), o patelar e o quadricipital – que, geralmente, são retirados do próprio paciente.

Todo o processo de reabilitação pode durar até dois anos, período no qual o enxerto adquire, naturalmente, propriedades parecidas com a de um ligamento de verdade.

Recuperação

Para que o tratamento conservador proporcione resultados satisfatórios, é fundamental que o paciente siga algumas recomendações no período de recuperação. Os ortopedistas indicam aplicação de gelo diversas vezes ao dia, a fim de controlar o edema e a dor; e repouso, com uso de muletas nas primeiras semanas, para regressão do processo inflamatório.

Quanto ao pós-cirúrgico, a orientação é para a realização de exercícios de fisioterapia. Entre eles, a eletrotermofototerapia e o treinamento para fortalecimento dos músculos de quadril, joelho e tornozelo. O processo – que pode durar seis meses e exigir mais intensidade com o passar do tempo – visa a redução da dor e do edema; a retomada dos movimentos da articulação; e o restabelecimento da força da articulação.

Conclusões

O Ligamento Cruzado anterior é parte de uma complexa estrutura que compõe o joelho. Responsável pelas flexões da articulação e por enviar ao cérebro informações sensoriais, este tecido fibroso, que liga a extremidade inferior do osso da coxa (fêmur) à extremidade superior do osso da perna (tíbia), pode ser alvo de ruptura se demasiadamente exigido, principalmente no caso de atletas.

As principais lesões que afetam o Ligamento Cruzado Anterior são trauma por choque, entorse e hiperextensão, que podem causar fortes dores, inchaço e instabilidade.

A partir de exames físicos e ressonância magnética, é possível diagnosticar a disfunção e optar pelo tratamento mais indicado para cada caso, que pode ser o conservador (com fisioterapia) ou o cirúrgico. A recuperação pode ser tranquila, claro, desde que seguidas as orientações médicas.

Espero que tenha ajudado a entender um pouco mais sobre o ligamento cruzado anterior, caso persista com alguma dúvida, escreva nos comentários abaixo.

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Referências:

-Lesões no Ligamento Cruzado Anterior

-Video de Cirurgia de Reconstrução do LCA (em inglês)

-Lesões no LCA – Sintomas e Causas (em inglês)

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