Terapia de ondas de choque para pseudoartrose
Quando fraturamos ou “quebramos” – como é dito no popular – um osso do nosso corpo, o procedimento é procurar um ortopedista, que, por sua vez, recomendará o tratamento mais adequado.
Após repouso, cirurgia ou imobilização, a tendência é que a fratura – geralmente causada por um traumatismo – seja cicatrizada, passando por quatro estágios: inflamação, formação do calo mole, calo ósseo e remodelação óssea.
Mas, infelizmente isso nem sempre é assim que acontece no pós-operatório, e o nome dessa condição para quando o osso não re reconstitui do modo essperado é Pseudoartrose.
O que é uma psedoartrose e atrasos de consolidação óssea
Em muitos casos – cerca de 10% das fraturas – pode ocorrer um atraso na consolidação óssea ou até mesmo uma pseudoartrose, quadro no qual a fratura, simplesmente, não chega a se consolidar. Tal disfunção pode ser desencadeada por uma série de fatores individuais, e os tratamentos cirúrgicos são diversos.
Mas nem sempre eles são suficientes, o que leva muitos especialistas a recomendarem a terapia de ondas de choque, técnica que vem sendo amplamente difundida no Brasil e no mundo.
Moderna e eficaz, a terapia de ondas de choque é indicada quando os métodos convencionais não alcançam a cicatrização ou quando o processo de recuperação é lento. Mas antes de falarmos mais sobre este procedimento, vamos tentar responder às seguintes questões: afinal, o que pode provocar uma pseudoartrose? E por que é difícil tratá-la em muitos casos, apesar da variedade de tratamentos?

Pseudoartroses – A. hipertrófica, B. oligotrófica, C. atrófica
Por que a fratura não consolida?
Como dito acima, há uma longa lista de fatores individuais que podem levar uma pessoa a evoluir com pseudoartrose. Por exemplo, tabagismo, diabetes, neuropatias, faixa etária, condição clínica e nutricional precária e uso de medicamentos (principalmente, anti-inflamatórios).
Além disto, há ainda os fatores locais, como lesões dos tecidos moles ao redor, isquemia (falta de sangue), energia do trauma, gravidade e localização das fraturas (diáfise, metáfise) e excesso ou falta de mobilidade no foco da fratura.
Sintomas de fraturas não consolidadas e seu diagnóstico
Já os sintomas podem ser dor persistente e inchaço no local lesionado – principalmente em situações de esforço ou mobilidade. Além do mais, em casos de infecção óssea, é possível que o paciente sofra ainda com sinais flogísticos (dor, vermelhidão, edema, calor local) e saída de secreção pela pele no local onde o osso está quebrado.
Diante destes sintomas, o indivíduo deverá procurar um ortopedista, que, para chegar à conclusão de que se trata ou não de uma pseudoartrose, fará algumas observações através de radiografia.
São elas: uma linha escurecida e persistente entre os ossos, com a margem óssea esbranquiçada (esclerótica), podendo haver uma formação de calo ósseo (pseudoartrose trófica) ou reabsorção sem formação de calo (pseudoartrose atrófica).
No exame, o médico poderá encontrar também deformidades, distância entre os ossos e quebra ou soltura dos implantes ortopédicos (placas, parafusos e hastes).

Pseudoartrose infecatada da tíbia – SciElo
Tipos de Pseudoartroses e Classificações
Entre os diferentes tipos de pseudoartrose, a trófica e a atrófica, existem ainda as diferentes classificações utilizadas para determinar qual a gravidade de cada caso..
Na Classificação de Weber, existem vascular hipertrófica (pata de elefante), a normotrófica (pata de cavalo) e a hipotrófica; a avascular em cunha de torção, a multifragmentada e a pseudoartrose com falha óssea.
Há também a classificação de Paley, cujas definições são as seguintes: tipo A (sem perda óssea ou tem até 1 cm), A1 (móvel), A2 (rígida), A2.1 (sem deformidade), A2.2 (deformidade fixa); tipo B (mais de 1 cm com de perda óssea), B1 (perda óssea intercalar), B2 (encurtamento com contato ósseo) e B3 (encurtamento com perda óssea intercalar).
Por fim, como também mencionado acima, existem ainda os quadros de pseudoartroses infectadas (com osteomielite crônica).
Tratamentos dos atrasos de consolidação óssea
Com tantas classificações e variações, é fundamental que o ortopedista acompanhe o quadro de perto a fim de passar ao paciente o tratamento cirúrgico mais adequado. Entre os métodos disponíveis, estão sínteses com placas e parafusos, hastes intramedulares bloqueadas e fresadas, fixadores externos e enxertia óssea.
No entanto, mesmo com o acompanhamento do médico e a disciplina do paciente para seguir à risca as orientações, em muitas situações, é indicada também a terapia de ondas de choque, que costuma ser recomendada para complementar o tratamento e acelerar o processo de recuperação.
Em seu próprio consultório, o ortopedista pode realizar o procedimento – apenas se estiver habilitado para tal, obviamente – utilizando um aparelho emissor de ondas acústicas – com energia muito maior que as de Ultrassom, por exemplo – aplicando à região lesionada.
Cada sessão dura, em média, 10 a 20 minutos, e já na terceira, quarta ou quinta, já é possível notar os primeiros resultados – o intervalo entre as aplicações é de uma semana ou de acordo com orientação médica, sendo necessário repouso parcial do paciente, sem a prática de atividades físicas intensas.
A terapia de ondas de choque tem como objetivos liberar radicais livres, óxido nítrico e fatores de crescimento e diferenciação celular (células da medula em células ósseas), aumento da produção de colágeno e o aumenta da neovascularização e a angiogênese (formação de novos vasos sanguíneos), estimulando, assim, a regeneração tecidual.
Atuando desta forma, a técnica auxilia na cicatrização integral da fratura em mais de 70% dos casos!
Ondas de choque Vs Cirurgias
Alguns dos resultados observados por especialistas em casos de terapia de ondas de choque utilizadas em fraturas não consolidadas são os seguintes: o risco de a fratura demorar para cicatrizar ou permanecer em um quadro de pseudoartrose é reduzido em 50%; e a velocidade de cicatrização de fraturas do fêmur e da tíbia, por exemplo, chega a duplicar.
Hoje a alta evidência científica dos efeitos da terapia de ondas de choque no tratamento das pseudoartroses e ausência de complicações fez com que em muitos países desenvolvidos, orientassem a realização da terapia antes de se pensar na cirurgia. Muitos trabalhos mostram resultados de consolidação semelhantes entre a terapia de ondas de choque e a cirurgia para pseudoartrose.

Pseudoartrose de fêmur tratada com placa sobre haste
Conclusão
Espero que tenha lhe ajudado a entender melhor sobre o tratamento com ondas de choque, dos atrasos de consolidação de fraturas e das pseudoartroses.
Se ficou com alguma dúvida, gostaria de fazer alguma sugestão, ou alguma colocação, escreva abaixo nos comentários. Agora, se gostaria de agendar uma consulta, ficarei feliz em poder ajudar.
Ficarei feliz em poder lhe ajudar. Agora se necessita de agendar uma consulta, atendo como
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Referências:
-Terapia de Ondas de Choque para o tratamento de Pseudoartrose (em inglês)
-Tratamento por Ondas de Choque nas doenças musculoesqueléticas e consolidação óssea
-Terapia por Ondas de Choque VS Cirurgia para tratar pseudoartrose (em inglês)
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Sociedade Internacional do Tratamento de Ondas de Choque