A temida tendinite é uma doença que consiste na inflamação de um determinado tendão (estrutura fibrosa que liga músculos e ossos) localizado em alguma articulação do corpo humano. São vários os tipos: tendinite no cotovelo, no pé, na mão, no quadril… Geralmente, esta lesão se dá por esforços intensos, fortes impactos e movimentos repetitivos – não à toa, os atletas são suas principais vítimas.
O que é a tendinite calcária?
Tendinite Calcária no ombro
No entanto, dentre todos os tipos de tendinite, existe uma cujas causas, a medicina ainda não conseguiu entender por completo. Trata-se da tendinite calcárea, como é chamada a formação de um depósito de cálcio no interior do tendão – processo que pode levar meses para se desenvolver – que, em muitos casos, desencadeia um grande incômodo no ombro.
Por enquanto, existe apenas uma suspeita sobre a origem desta calcificação, que seria uma eventual diminuição do sangue que chega ao tendão. Esta disfunção provocaria uma deposição de sais de cálcio na estrutura fibrosa, levando-a à inflamação.
Para a reversão de um quadro de tendinite calcárea, ortopedistas recomendam um conjunto de tratamentos, que inclui medicação e exercícios fisioterápicos cmo longamento, yoga, piltaes, e musculação.
Mas, dependendo da complexidade do caso, a técnica mais indicada pode ser a terapia de ondas de choque, que vem sendo cada vez mais difundida no Brasil por sua praticidade, eficácia e rapidez quanto aos resultados.
Antes de entender melhor como funciona este método, porém, vamos nos aprofundar na complexidade da articulação do ombro.
Como as tendinopatias do ombro aparecem?
Por trás de toda a mobilidade que o ombro nos dá, permitindo diversos movimentos essenciais no cotidiano – como erguer um objeto, abraçar uma pessoa querida ou digitar no teclado do computador ou celular – está o manguito rotador.
Por este curioso nome é chamado um conjunto de quatro unidades músculo-tendão: supra espinhal, infra espinhal, redondo menor e subescapular.
O manguito rotador tem como funções firmar o úmero – o maior osso da parte superior do nosso corpo, que vai do ombro ao cotovelo – e equilibrar os movimentos do ombro.
Sendo ela tão indispensável e explorada no dia-a-dia, a estrutura acaba refletindo intensos incômodos para o indivíduo ao ser acometido pela tendinite calcárea – a incidência maior da inflamação é no tendão supra espinhal.
Sintomas da tendinite
Em um quadro de tendinite calcárea, o paciente pode sofrer com limitações nos movimentos da articulação e uma dor na região que começa amena, mas se intensifica com o passar do tempo, podendo até se irradiar para o músculo deltoide, um dos mais importantes da região.
Estes sintomas só não são sentidos quando o próprio organismo absorve o cálcio espontaneamente. Mas, se não for este o caso, será necessário o paciente procurar um ortopedista, que indicará o melhor tratamento.
Diagnóstico e tratamento clínico da tendinopatia calcária
Se diagnosticada, através de exames como raio-x, ultrassom e ressonância magnética, a tendinite calcárea pode ser tratada com repouso, evitando-se erguer ou carregar objetos pesados; medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios, em comprimido, pomada ou até infiltrações para casos mais complexos; e exercícios como alongamento, fortalecimento muscular com therabands (faixas elásticas), manipulação articular e exercícios pendulares.
Terapia de ondas de choque nas tendinopatia calcária do ombro
Reabsorção de tendinite calcária após a realização da terapia de ondas de choque
Estes métodos proporcionam evolução no quadro de tendinite calcárea em cerca de 60% dos casos. No entanto, quando não há sucesso com o tratamento mais convencional, o ortopedista pode recorrer à terapia de ondas de choque, que, como dito no início do artigo, é considerada vantajosa por atingir resultados satisfatórios com rapidez, eficácia e praticidade, além de ser um método não invasivo.
Em suma, a terapia de ondas de choque para tendinite calcárea é realizada com a ajuda de um aparelho que, ao ser aplicado ao ombro, emite ondas de acústicas muito mais potentes do que os dos aparelhos de ultrassom. Sobre os resultados na prática, a terapia de ondas de choque apresenta mecanismos físicos e biológicos nos tecidos.
Para que paciente e ortopedista comecem a notar as primeiras evoluções, são necessárias de três a cinco sessões, com repouso e um intervalo semanal entre uma e outra – ou de acordo com a orientação médica.
Os encontros, que duram cerca de 20 minutos, podem ocorrer no consultório do próprio ortopedista, caso, claro, ele esteja habilitado para tal atuação. Também existem os aparelhos de TOC móveis, que possibilitam o médico fazer o tratamentona casa do paciente.
No caso da tendinite calcária, as ondas de alta intensidade promovem a quebra das calcificações, promovem a liberação de radicais livres e óxido nítrico, e estimulam a migração de células para a reabsorção dos depósitos de cálcio e para a reparação tecidual; e aumenta a neovascularização e a angiogênese, estimulando, assim, a regeneração do tendão.
Estas ações levam a uma absorção mais rápida da calcificação no tendão, o que faz com que uma considerável redução das dores e a retomada da mobilidade articular sejam notadas em 80% dos casos após as três primeiras semanas (é normal observar uma piora da dor nos primeiros dias de aplicação pelo estímulo da reabsorção).
Após um período de três meses de tratamento, os sintomas somem completamente para em torno de 70% dos pacientes – resultado este que pode se prolongar por até um ano.
A terapia de ondas de choque (TOC) apresenta resultados semelhantes ao da cirurgia artroscópica, com a vantagem de não ser invasiva e sem necessidade de repouso absoluto de do pós operatório. Por isso é a primeira opção para o tratamento da doença, sendo o tratamento cirúrgico reservado apenas para os casos em que não houve melhora com os demais tratamentos.