Tendinite calcária no Ombro
Índice
1. Tendinite calcária no Ombro
2. Diagnóstico
3. Maiores incidências de tendinite cálcarea
4. Tratamentos
5. Conclusão
6. Referências

1. Tendinite calcária no Ombro
Se você consegue realizar no seu dia-a-dia movimentos triviais como arremessar ou erguer um objeto ou até mesmo abraçar uma pessoa querida, muito deve ao manguito rotador. Por este curioso nome é chamado um conjunto de quatro unidades músculo-tendão (supra espinhal, infra espinhal, redondo menor e subescapular) que envolve a articulação do ombro – a de maior mobilidade do corpo humano. É esta estrutura a responsável por firmar o úmero – o maior osso da parte superior do nosso corpo, que vai do ombro ao cotovelo – e equilibrar os movimentos do ombro. Ou seja, é de extrema importância para nossas atividades! Por isso, vamos fazer sobre a Tendinite Calcária no Ombro!
Por ser tão fundamental, o manguito rotador – e consequentemente, o ombro – é extremamente exigido em atividades cotidianas e profissionais, o que leva, muitas vezes, a esforço intenso, impactos e movimentos repetitivos. Estes fatores provocam não só nesta articulação, mas em todas as outras da nossa estrutura, inflamações nos tendões (estruturas fibrosas que ligam músculos e ossos), as temidas tendinites. No entanto, este não é o caso de uma lesão que acomete o manguito rotador e, em muitos casos, pode causar muita dor e limitações de movimentos da articulação.
Trata-se da tendinite calcária, que consiste na formação de um depósito de cálcio no interior do tendão – processo que pode levar meses para se desenvolver – o que pode desencadear o incômodo no ombro. É considerada uma doença autolimitada, ou seja, ela se resolve sozinha, entretanto, essa resolução pode levar meses a anos, assim o tratamento deve ser iniciado quando feito o diagnóstico.
Curiosamente, a medicina ainda não chegou a uma conclusão do porquê desta calcificação, mas uma suspeita, que ainda não se confirmou, é que uma eventual diminuição do sangue que chega ao tendão pode provocar uma deposição de sais de cálcio nessa estrutura fibrosa, levando-a à inflamação.
2. Diagnóstico
A tendinite calcária não desperta sintomas em muitos casos. Isto acontece quando o próprio organismo absorve o cálcio espontaneamente, evitando, assim, a necessidade de tratamento. No entanto, quando não há esta absorção natural, a pessoa pode sofrer com limitações nos movimentos da articulação e uma dor na região que começa amena, mas se intensifica com o passar do tempo, podendo até se irradiar para o músculo deltoide, um dos mais importantes da região. Assim, vemos que a evolução da doença de dá se forma reversa às outras tendinites, com a fase aguda ocorrendo depois da fase crônica. Se isto ocorrer, será necessário procurar um ortopedista para confirmar ou descartar a lesão. O diagnóstico pode ser feito através de exames de imagem.

No caso do raio-x – que deve ser realizado com o ombro colocado em diferentes rotações (interna e externa) – o tendão não chega a ficar perceptível, mas, caso haja de fato um cálcio, será possível notar uma pequena área esbranquiçada no local da calcificação. O toque na região pode causar dor, o que é um indício do problema. Entretanto, a dor não necessariamente confirma um quadro de tendinite calcária. Por isto, é recomendado recorrer a um médico.
Além do raio-x, o ortopedista também poderá solicitar outras opções de exames, como ultrassom e ressonância magnética, a fim de descartar outras disfunções e confirmar a suspeita de tendinite calcária.
3. Maiores incidências de tendinite cálcarea
A tendinite calcária não tem relação com acidentes ou traumas prévios e pode acometer qualquer indivíduo, mas o risco é maior para as mulheres. Principalmente, no caso daquelas que têm mais de 40 anos, pois é a partir desta faixa etária que aumenta a probabilidade de calcificação. O distúrbio pode acometer os dois ombros simultaneamente, mas a ocorrência maior é no lado direito.
E enquanto as mulheres são as maiores vítimas da tendinite calcária, tem também um tendão que é o grande alvo desta lesão. Contextualizando, o manguito rotador, como dito no início do artigo, é formado por quatro tendões, cada um com características e funções peculiares.

Fonte: Mayo Clinic
O infraespinhal, inervado também pelo nervo supraescapular, é espesso, em formato triangular, e toma grande parte da fossa infraespinhal da escápula, onde, inclusive, se origina. Inserido no tubérculo maior do úmero, é o responsável pelo movimento de rotação lateral do braço.
O subescapular, inervado pelo nervo homônimo e originado na fossa da escápula, está inserido no tubérculo menor do úmero e na cápsula articular do ombro. É o grande responsável por movimentos como rotação medial e adução do braço.
O redondo menor, inervado pelo nervo axilar, origina-se na borda axilar ou lateral da escápula e se insere na face inferior do tubérculo maior do úmero. Tem como principal função auxiliar no movimento de rotação lateral do braço.
Mas aquele tendão que corre mais riscos de ser afetado por uma tendinite calcária é o supraespinhal ou supra-espinhoso, um dos menores do manguito rotador. Inervado pelo nervo supraescapular e inserido no tubérculo maior do úmero, ele é o responsável pela abdução e pela elevação do ombro, além de ser fundamental para a estabilização da articulação. O supraespinhal também é importante para a função de pressionar a cabeça do úmero contra o interior da cavidade glenoide, evitando lesões como luxações, por exemplo.
4. Tratamentos
Como o processo de calcificação no tendão pode ser longo, o estágio da lesão e a intensidade dos sintomas podem ser bastante diferentes entre um paciente e outro. E ter noção desta variação é determinante para indicar o tratamento mais adequado para cada caso.
Uma opção de tratamento comum em casos de tendinite calcária é a medicação. O ortopedista deverá receitar analgésicos e anti-inflamatórios em comprimido ou pomada. Em quadros mais complexos, o profissional pode recorrer também a infiltrações no ombro, com anestésicos locais e corticoide, o que proporciona um alívio mais imediato da dor. Este procedimento, no entanto, é indicado apenas de uma a duas vezes por ano.
Outra possibilidade é a fisioterapia. Sessões de eletroterapia ajudam a minimizar a inflamação e as dores nos tecidos ao redor. Já o TENS (neuroestimulação elétrica transcutânea) reduz a calcificação, assim como o ultrassom, que ajuda na reabsorção do cálcio porque aumenta a temperatura do local e o fluxo sanguíneo.
Alguns exercícios também ajudam na recuperação da tendinite calcária. Entre eles, alongamento, fortalecimento muscular com therabands (faixas elásticas), manipulação articular e exercícios pendulares, que aliviam as dores e as restrições nos movimentos do ombro.
Também é recomendado repouso. Para uma recuperação mais eficaz, é importante não exigir do ombro afetado, carregando ou erguendo um objeto pesado, por exemplo. Entretanto, não é necessária a suspensão total dos movimentos com o ombro e nem o uso de tipoia, já que mover a região leva à produção de líquido sinovial, que irriga a articulação.
Todas essas opções têm o propósito de aliviar a dor, melhorar a função e biomecânica do ombro, entretanto nenhuma delas trata diretamente a calcificação. Hoje a opção de escolha para o tratamento da calcificação é Terapia de Ondas de Choque, terapia esta semelhante à litotripsia extracorpórea (equipamento usado para quebrar pedra nos rins). Através deste equipamento, conseguimos quebrar os depósitos de cálcio e estimular o corpo a absorvê-los com maior rapidez. Hoje alcançamos resultados satisfatórios em mais de 75% dos pacientes.

Reabsorção de tendinite calcária após a realização da terapia de ondas de choqueNo entanto, se o caso de tendinite calcária for crônico, e estes métodos não resultarem em evolução no quadro, o ortopedista deverá optar pela intervenção cirúrgica. A opção mais indicada é a artroscopia, que pode eliminar totalmente os depósitos de cálcio.
Para chegar a este resultado, no entanto, o procedimento é complexo. Ao contrário de outro exemplo conhecido de calcificação, o de pedras nos rins (litíase renal), na tendinite calcária, a calcificação se dá dentro do tendão e é fragmentada, o que dificulta a retirada. Por isto, é necessário fazer uma incisão no tendão, seguindo o sentido das fibras, aspirando e drenando o depósito de cálcio, e, em seguida, suturando o tendão. Porém, diante da complexidade do quadro e do risco de uma abertura acima do recomendado na estrutura fibrosa, nem sempre é possível assegurar a retirada integral do cálcio. Já o pós-operatório, igualmente delicado, pode levar até quatro meses, incluindo uso de tipoia entre duas e seis semanas, além de sessões de fisioterapia, para recuperação dos movimentos e da força do ombro.
5. Conclusão
Como vimos, a tendinite calcária do ombro é uma doença limitante, que muitas vezes pode durar alguns anos até sua resolução. Ela afeta na maior parte das vezes o manguito rotador, principalmente o supraespinhal, mas pode afetar outras articulações como o quadril ou o tendão de Aquiles.
O tratamento é voltado para o controle dos sintomas e função do ombro através de exercícios e medicamentos, utilizando-se a terapia de ondas de choque para estimular a reabsorção da calcificação e tratamento mais precoce. O tratamento cirúrgico hoje é de exceção, felizmente, sendo indicado para casos em que não de obteve um resultado adequado com as outras formas de tratamento.
Espero que tenha lhe ajudado a entender mais sobre a tendinite calcárea, se ficou ainda com alguma dúvida ou gostaria de fazer algum comentário, escreva abaixo. Agora, se necessita de agendar uma consulta com ortopedista, atendo em São Paulo (Higienópolis e Itaim Bibi) e Alphaville (Barueri e Santana de Parnaíba).
6. Referências:
–Tendinite Calcária no Ombro (em inglês)