Tendinite do calcâneo
Índice
1. Tendinite do calcâneo
2. Causas
3. Sintomas
4. Diagnóstico
5. Tratamento
6. Referências

1. Tendinite do calcâneo (Tendão de Aquiles)
Segundo a mitologia, Aquiles foi um grande guerreiro da Grécia antiga, sendo um dos personagens mais importantes da famosa Guerra de Troia, por exemplo. O que o tornava temido por adversários e admirado por companheiros de batalha era a sua bravura, sim, mas também a sua invulnerabilidade a golpes e ataques.
Ainda de acordo com os poemas épicos e tragédias gregas, o herói possuía o que se pode chamar de corpo fechado contra ferimentos por banhar-se, frequentemente, no rio Estige, que teria poderes mágicos. Porém, a única parte que ele esquecia de molhar era um dos calcanhares, onde, exatamente, foi atingido por uma flecha envenenada, vindo a sucumbir. Daí, a expressão calcanhar de Aquiles.
Muitas vezes, ouvimos também tendão de Aquiles, nome dado, popularmente, ao tendão (estrutura fibrosa) que liga os músculos da panturrilha (gastrocnêmio e sóleo) ao calcâneo – o maior osso do pé humano, que “dá forma” ao calcanhar. E este tendão calcâneo pode se mostrar altamente suscetível, não por uma flechada, claro, mas pelo peso do corpo que suporta e por inflamações provocadas pela repetição de determinados movimentos e atividades praticados no dia-a-dia.

Assim, por definição, a tendinite do calcâneo é a inflamação que ocorre no tendão de Aquiles (ou calcâneo), na região do pé e tornozelo. Ela pode evoluir para uma tendinopatia crônica, conhecida como tendinose. Ocorre por diversos fatores como encurtamento do tendão, esforços repetitivos ou de sobrecarga de peso.
Abaixo, veremos as principais causas que levam ao quadro de tendinite do calcâneo, os sintomas e, obviamente, o que a ortopedia pode fazer no tratamento destes casos.
2. Causas
Movimentos como caminhar, correr e saltar realizados excessivamente podem desencadear uma tendinite no calcanhar. No entanto, atividades mais específicas, que exijam demais da panturrilha e do tendão de Aquiles enquanto o indivíduo usa as pontas dos pés – entre elas, corrida ou pedalada em ladeiras e balé – podem aumentar o risco.
A lista de causas que podem proporcionar o quadro de tendinite no calcâneo, porém, não para por aí. Outras circunstâncias são anormalidades nos pés – como pé chato ou cavo – que geram dificuldade na absorção de impactos e podem sobrecarregar o tendão de Aquiles; desalinhamento na pisada, como a pronação (quando o indivíduo se apoia mais no lado interno do pé ao pisar) ou a supinação (quando se apoia mais no lado externo do pé); flacidez na musculatura da panturrilha, que não permite a contração muscular necessária para suportar as trações dos movimentos; encurtamento muscular, que pode ser provocado por hábitos como uso frequente de salto alto, o que leva a uma constante contração da panturrilha; e obesidade, responsável por um sobrepeso para o tendão.
3. Sintomas

Mas como desconfiar de um quadro de tendinite no calcâneo? Geralmente, a dor começa subitamente e se faz presente sempre durante as atividades físicas, podendo ficar mais intensa com o passar do tempo.
Estas dores podem ser notadas na musculatura da panturrilha, acompanhadas de rigidez; no toque sobre a panturrilha e o tendão; na própria região ao se manter na ponta dos pés; ao alongar o tendão (quando se puxa a ponta do pé na direção da tíbia); além de limitação nos movimentos do tornozelo e perda de força da musculatura da panturrilha (tríceps sural).
Ao sinal de algum destes sintomas, é importante que a pessoa procure um ortopedista a fim de se chegar ao diagnóstico e iniciar o mais rapidamente possível o tratamento adequado. Afinal, sem a devida atenção, um quadro de tendinite no calcâneo (tendinopatia aguda) tende a evoluir, após algumas semanas, para uma tendinose (tendinopatia crônica), que pode provocar sérios problemas como desalinhamento das fibras, micro rupturas, bursite no calcanhar, desgaste do tecido e até o rompimento total do tendão.
4. Diagnóstico
Portanto, para que o quadro não chegue a este ponto, é fundamental procurar um ortopedista diante de qualquer sintoma como os mencionados acima. Na consulta, é preciso informar quando e como a dor começou, e se ela evolui ou reduz durante os movimentos que exigem da região.
A partir destas observações, o profissional deverá recorrer a exames de imagem como raio x e ultrassom a fim de descartar outros problemas. Entre eles, bursite ou fratura do calcâneo, fascite plantar e contusão no calcanhar.
Há também a possibilidade de serem realizados testes, que poderão detectar se o tendão de Aquiles é mesmo o foco da dor. Os movimentos são os seguintes: fica na ponta do pé entre 10 e 15 vezes, alternando os pés, para poder notar se existe dor mais intensa ou não em um ou outro; e saltitar com uma perna só, observando se esses impactos geram um incômodo maior do que o habitual.
5. Tratamento
E se o diagnóstico for mesmo de tendinite no calcâneo? O que a ortopedia recomenda? Primeiramente, algumas medidas para prevenir a disfunção, como, por exemplo, evitar elevadas cargas de treino e usar calçados adequados, que absorvam o impacto naquelas atividades para as quais foram designados.
Mas se o quadro já estiver desenhado, há uma série de métodos de tratamento que poderão ser indicados, de acordo com o caso. São eles: alongamento para aperfeiçoar a elasticidade da musculatura posterior da panturrilha, evitando a sobrecarga no tendão; aplicação de gelo para o controle das inflamações e diminuição da dor, já que a temperatura mais baixa na região reduz a velocidade de transmissão dos nervos de sensibilidade; uso de medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos orais a fim de frear a inflamação; repouso parcial, reduzindo a carga de exercícios físicos, sobretudo, na fase aguda do problema, evitando atividades realizadas com a ponta dos pés (subir escada, por exemplo) e substituindo-as por outras como Pilates e natação; uso de palmilhas adequadas para este tipo de tendinite, que reduz a exigência do tendão de Aquiles; fortalecimento gradual para manter a força e a flexibilidade da musculatura da panturrilha, tornando-a mais apta a receber sobrecarga.
Além destes métodos, é indicada também a fisioterapia, que reúne uma gama de recursos considerados extremamente eficazes para tornar a recuperação mais rápida e diminuir os riscos de retorno dos sintomas.
Um dos exercícios mais recomendados é o excêntrico, que consiste em apoiar a ponta do pé em um degrau e, repetidamente, flexioná-lo, descendo o calcanhar. Estes movimentos permitem um ganho no comprimento muscular.
Outro tipo de exercício adequado é o de propriocepção, no qual o indivíduo busca o melhor posicionamento de uma articulação. Neste caso, são realizadas caminhada em linha reta com um pé à frente do outro; caminhada sobre diferentes superfícies, como chão e colchonete; e caminhada em linha reta usando, intercaladamente, as diferentes partes do pé, como as pontas, o calcanhar e os lados interno e externo.
Fora isto, a fisioterapia prevê ainda técnicas. Entre elas, laser de baixa potência, que é indolor, não invasiva e ajuda a acelerar a cicatrização do tecido; e o dry niddling, que consiste na incisão de agulhas de acupuntura no tendão, estimulando, assim, o processo de recuperação.
Mas se estes métodos não forem suficientes para evitar que a dor se prolongue, o ortopedista pode recorrer à terapia de ondas de choque, terapia esta que através de ondas acústicas (sonoras) de alta intensidade promovem a cicatrização do tecido e alívio da dor.
Infiltrações e cirurgias são raramente indicadas para a tendinopatia exclusiva, mas para pacientes que apresentam o esporão retrocalcâneo, também conhecida como deformidade de Haglund, pode ser necessária a cirurgia.
No entanto, independentemente do método, a orientação médica é para que o paciente não retome as atividades físicas antes do fim do tratamento, mesmo que as dores tenham, aparentemente, cessado. Como o tendão de Aquiles é aquele responsável direto por absorver o peso do corpo, a tendinite no calcâneo é considerada complexa e difícil recuperação. Por isto, é fundamental seguir à risca as orientações do ortopedista.
Espero que tenha auxiliado no entendimento, para a prevenção e tratamento inicial adequado. Caso tenha ainda dúvidas ou gostaria de fazer sugestões, escreva nos comentários abaixo, ficarei feliz em poder lhe ajudar. Agora, se necessita de uma consulta com ortopedista, atendo em São Paulo (Higienópolis e Itaim Bibi) e Alphaville (entre Barueri e Santana de Parnaíba).
6. Referências (em inglês):
-Tendinite no Tendão de Aquiles: sintomas e causa
-Tendinite no Tendão de Aquiles