Tendinite no cotovelo
Índice
1. Tendinite no cotovelo
2. Epicondilite medial e lateral
3. Tendinite do bíceps distal
4. Tendinite no tríceps
5. Conclusão
6. Referências
1. Tendinite no cotovelo
Flexionar o braço para apanhar ou arremessar um objeto, digitar no teclado do computador ou até mesmo escovar os dentes não são gestos que comprometem o cotovelo, articulação responsável por estes e outros movimentos cotidianos do ser humano. Porém, se praticados intensa e repetidamente, podem levar os tendões (estruturas fibrosas que ligam os músculos aos ossos) a ficarem inflamados.
A tendinite do cotovelo pode fazer o paciente sofrer com dores intensas e limitações nos movimentos, mas, se devidamente tratada com o acompanhamento de um ortopedista, pode ser totalmente sanada.

Hoje sabe-se que existem quatro principais causas de tendinite nessa região: as epicondilites lateral e medial, a tendinite do bíceps e a do tríceps braquial. Abaixo, veremos as causas, sintomas e as possibilidades de tratamento para esses problemas.
O indivíduo pode desconfiar que está com tendinite do cotovelo ao sentir algum dos seguintes sintomas: dor local; sensibilidade extrema ao toque, limitação nos movimentos; sensação de formigamento e queimação. Ao sinal de algum destes, portanto, é necessário procurar um ortopedista, que deverá solicitar exames de radiografia, ultrassonografia ou ressonância magnética para checar se há a inflamação.
Confirmado o quadro de tendinite no cotovelo, o tratamento, a princípio, é conservador, ou seja, não-invasivo. Antes de mais nada, porém, é importante que o paciente tenha a consciência de que as atividades físicas e os movimentos que exigem da articulação sejam drasticamente reduzidos durante o período de tratamento da tendinite no cotovelo.
Além do repouso parcial, o médico deverá receitar medicamentos – comprimidos ou em gel para aplicação local. Os anti-inflamatórios (Ibuprofeno, Naproxena, Paracetamol, Cataflan, Voltaren ou Calminex) podem ser ingeridos por no máximo 10 dias – com acompanhamento de um protetor gástrico para poupar as paredes do estômago, evitando um quadro de gastrite causada pelos remédios.
Já se a opção for gel, pomada ou creme, o paciente fará o tratamento pelo mesmo período, aplicando a substância de três a quatro vezes ao dia, realizando uma leve massagem no local da dor para que a pele faça a absorção.
Se o medicamento apenas não for suficiente, o paciente pode recorrer a recursos fisioterápicos. Entre eles, compressas de gelo; exercícios de alongamento e fortalecimento muscular; e tratamento com ondas de ultrassom.

Em certos casos, o médico pode lançar mão também de um processo de imobilização do cotovelo. Esta opção é geralmente recomendada quando há fraqueza muscular, aumento da sensibilidade no local, inchaço e dores durante determinadas atividades. Mas atenção: a tala de imobilização é útil para diminuir os movimentos, levando, assim, à redução da dor, mas o uso demasiadamente prolongado pode causar uma fragilização dos músculos, agravando a tendinite no cotovelo.
Mas se mesmo com todos estes recursos os sintomas persistirem, talvez haja um quadro de rompimento do tendão ou deposição de cristais de cálcio na região, o que pode exigir cirurgia (raspagem ou costura do tendão). O procedimento costuma ser simples e o período de recuperação, curto. Após cerca de uma semana de imobilização com tala, o paciente é liberado.
Já com o problema sanado, é recomendável que o paciente adote alguns cuidados para que a tendinite no cotovelo não retorne. Primeiramente, é importante saber o que desencadeou o quadro. Além disto, é necessário fazer pausas no trabalho, evitando excesso de esforço na região. Postura correta durante estas atividades também é fundamental para que não haja contraturas musculares e sobrecargas.
2. Epicondilite medial e lateral
Além da tendinite no cotovelo, a articulação pode ser alvo ainda de outras patologias. Uma delas é a epicondilite, que pode afetar os epicôndilos, como são chamadas as saliências ósseas localizadas na extremidade de baixo do úmero (osso do braço).
Responsáveis por estender os músculos do antebraço entre o punho e os tendões do cotovelo, os epicôndilos são classificados como lateral, localizado na parte externa do cotovelo, e medial, que fica na interna. E cada um deles pode se tornar foco de dor dependendo da carga de esforço e da quantidade de repetições de movimentos às quais a articulação for submetida.
Epicondilite lateral – sintomas e tratamento

Embora seja popularmente conhecida como tendinite do tenista, a epicondilite lateral não acomete apenas quem pratica este esporte. Estão sujeitos aqueles que realizam, rotineiramente, atividades que utilizem equipamentos e necessitem de impulsos realizados com os cotovelos, como jogadas do próprio tênis e do baseball, além de carpintaria e digitação. Indivíduos sedentários e na faixa de 30 a 40 anos correm ainda mais riscos de um diagnóstico de epicondilite lateral.
Entre os principais sintomas, estão dores no lado externo do cotovelo, com a mão virada para cima; dor durante gestos como aperto de mão, abrir a porta, pentear o cabelo, escrever ou digitar; dor irradiando para o antebraço; e redução na força no braço ou no punho.
Ao sentir dores como estas, o paciente deve procurar um ortopedista, que poderá fazer o diagnóstico. Se o problema for mesmo epicondilite lateral, o tratamento deverá variar de acordo com a gravidade da doença. Em todo caso, inicialmente, o médico deverá prescrever anti-inflamatórios, como Ibuprofeno, ou pomada, como Diclofenaco, por um período máximo de sete dias. Se não houver evolução, podem ser necessárias injeções de corticoide.
Para acompanhar a medicação, o ortopedista pode recomendar uso de kinesio taping (espécie de bandagem muito usada por atletas) e fisioterapia. Os recursos mais indicados contra epicondilite lateral são compressas de gelo, exercícios de fortalecimento e alongamento e massagem transversa. Também é orientado ao paciente recorrer a equipamentos como TENS (neuroestimulação elétrica transcutânea), ultrassom, iontoforese e laser.
Já as ondas de choque são mais comuns em casos de epicondilite lateral crônica, persistindo por mais de seis meses e sem evolução no quadro. E a cirurgia é mais indicada para pacientes mais graves, que convivem com sintomas por mais de um ano.
Epicondilite medial – sintomas e tratamento

A outra forma de epicondilite, a medial, é caracterizada pela inflamação do tendão que liga punho e cotovelo. As atividades que, se praticadas repetitivamente, mais provocam esta disfunção são jogadas de golfe – por isso o nome popular de cotovelo do golfista – baseball e boliche, além de musculação, carpintaria, jardinagem e construção civil.
Os principais sintomas são dores na parte interna do cotovelo, com o braço esticado e a mão virada para cima; dor mais intensa na parte interna do cotovelo durante atividades como aparafusamento, musculação ou qualquer outro semelhante a tacadas de golfe; e sensação de formigamento no antebraço ou nos dedos e de perda de força em movimentos como segurar um copo de água, girar uma torneira e aperto de mãos.
Diante destes sintomas, é necessário que se procure um médico ortopedista. Se diagnosticada a epicondilite medial, o primeiro passo é realizar repouso, evitando a atividade que desencadeou as dores. Outras iniciativas válidas para o alívio da dor são uso de pomadas anti-inflamatórias, como o Diclofenaco, e aplicação de compressas de gelo. Já para casos de persistência da dor por mais de seis meses, injeções com anestésicos e corticoides e uso de ondas de choque extracorporal podem ser indicados.
Para tornar o tratamento da epicondilite medial mais eficaz, também é recomendado ao paciente exercícios de fisioterapia como alongamento dos flexores do punho, fortalecimento do ombro, equipamentos como TENS (neuroestimulação elétrica transcutânea), ultrassom e laser, além da aplicação de kinesio taping.
3. Tendinite do bíceps distal
Outra lesão comum na região do cotovelo é a tendinite do bíceps distal, que consiste na inflamação do tendão que liga o músculo bíceps à articulação. Esta é uma patologia considerada relativamente rara, que acomete mais homens entre 40 e 60 anos, principalmente os que praticam musculação pesada com frequência ou carregam muito peso no trabalho.
A tendinite do bíceps distal tem como principais sintomas dor na parte anterior do cotovelo, principalmente quando o indivíduo está carregando peso; hematoma (ruptura de vasos sanguíneos mais profundos) e equimose (ruptura de vasos mais superficiais).
A partir do diagnóstico realizado com exames clínicos ou até ressonância magnética, o tratamento começa com a diminuição das atividades que podem ter levado ao quadro de tendinite do bíceps distal. Nos casos de ruptura total do tendão, a tendência é que o ortopedista opte de imediato pelo procedimento cirúrgico, cuja eficácia na eliminação das dores e na retomada da força da musculatura é maior. A intervenção cirúrgica visa a reinserção do tendão e pode ser realizada com uma ou duas incisões no cotovelo. Já a fixação pode ser realizada com pontos trans-ósseos, âncoras, botões ou parafusos.
No entanto, a alternativa da cirurgia é mais indicada para casos diagnosticados com menos de quatro semanas a partir do momento da lesão. Para quem tem um período acima deste ou é sedentário ou idoso, o mais recomendado é o tratamento conservador, com uso de medicamento analgésico e aplicação de gelo ou calor local; de aparelhos de ultrassom e ondas curtas; e de exercícios de alongamento e fortalecimento da musculatura, tanto do braço quanto do antebraço. O risco nesta situação é o de deformidade residual ou dor tardia.
4. Tendinite no tríceps
Por fim, a tendinite no tríceps é mais uma lesão que pode desencadear dores na região do cotovelo. O gatilho neste caso é a inflamação do tendão que liga o músculo tríceps – responsável pela extensão do braço – à parte posterior da articulação. Já as causas podem ser algumas atividades realizadas repetidamente e de forma intensa, como arremessar um objeto e usar um martelo.
Alguns descuidos também podem levar ao quadro de tendinite no tríceps. Entre eles, alternar bruscamente a força e a frequência na execução de um movimento; não aquecer ou alongar antes de praticar uma atividade física; usar anabolizantes; não acompanhar de perto condições crônicas como diabetes ou artrite reumatoide.
Já os principais sintomas são dor e fraqueza na musculatura, no ombro ou no cotovelo; limitação de movimentos; inchaço na parte posterior do braço; e sensação de estalo durante os movimentos.
Diante destes sintomas, há uma série de opções de tratamento. As primeiras, entretanto, são conservadoras, como repouso, aplicação de gelo, uso de bandagens para comprimir o inchaço; e elevar a musculatura acima da altura do coração, a fim também de reduzir o nódulo.
Se esta etapa não gerar resultados, o ortopedista poderá recorrer a outros métodos. Por exemplo, medicamento anti-inflamatório (Ibuprofeno, Naproxeno e Aspirina) ou injeções de corticoide. Exercícios fisioterápicos também são bem-vindos, como alongamento estático do tríceps, tríceps francês e resistência com toalha – procure um ortopedista para mais detalhes.
Porém, se estes métodos não curarem a tendinite do tríceps, é provável que o paciente se encontre com um quadro de rompimento parcial ou total do tendão. Nestes casos, a opção ideal é a cirurgia, que pode ser realizada por duas técnicas.
A primeira é o reparo do tendão, que reconecta – através de ferramentas chamadas âncoras ósseas ou âncoras de sutura – o tendão lesionado ao olécrano, parte integrante do cotovelo ligada a ulna, um dos ossos do antebraço.
Já o enxerto é opção quando o tendão não pode ser reparado diretamente no osso. Nestes casos, um pedaço de um outro tendão – que pode ser de qualquer outra parte do corpo – será utilizado para auxiliar a recuperação do tendão danificado.

5. Conclusão
Como vimos, existe mais de uma causa de tendinite no cotovelo, mas em muitos aspectos elas se assemelham, principalmente, nos princípios do tratamento. Hoje existe uma grande quantidade de tratamentos para não invasivos ou minimamente invasivos, antes de uma cirurgia, sendo esta indicada, nos casos de ruptura tendínea. Tratamentos como infiltrações com ácido hialurônico, terapia de ondas de choque resolvem mesmo casos avançados da doença.
Espero que tenha lhe ajudado a entender mais sobre as tendinites do cotovelo, se você persiste com dúvidas ou gostaria de fazer alguma pergunta, escreva abaixo nos comentários. Agora, se necessita agendar uma consulta, realizo atendimentos em São Paulo em Alphaville, Itaim Bibi e Higienópolis.