A tendinite no joelho é um tipo de tendinopatia (doença do tendão) com característica inflamatória. Os tendões são as estruturas fibrosas que conectam os músculos aos ossos permitindo o movimento. A tendinite é mais comum em quadros agudos e na região do joelho esta mais relacionada aos esportes.
O joelho é uma das principais articulações do corpo humano e, consequentemente, uma das mais complexas.
Na sua formação, estão o fêmur, maior osso do nosso esqueleto, que fica na coxa; a tíbia, o osso da popular “canela”; e a patela, nódulo ossificado inserido nos tendões da região, que apesar de pequeno, é fundamental para movimentos importantes da rotina de qualquer pessoa – caminhar, correr, agachar-se – já que fornece apoio extra e reduz pressão sobre tecidos próximos.
Interligando todos estes ossos, os ligamentos, que se assemelham ao formato dos tendões e são indispensáveis por conectar e estabilizar as articulações.
Os tendões musculares, que são “cordões”, cuja função é conectar o músculo aos ossos, permitindo movimento, e equilibrando o organismo, independentemente de o sujeito estar parado ou em movimento.
E, por fim, estão os meniscos, cartilagem fibrosa responsável por amortecer, diminuir o atrito, dissipar o impacto e agregar estabilidade entre ossos.
E junto de tamanha engenhosidade na estrutura corpórea humana, surgem várias lesões, que podem levar o paciente a quadros de dor e limitações de movimentos.
Abaixo veremos mais sobre estas doenças, seus respectivos sintomas e consequências, além, é claro, dos tratamentos recomendados por profissionais de ortopedia e traumatologia.
A tendinite no joelho ocorre por uma sobrecarga no tendão, mais frequentemente por esforços repetitivos. Estes aumentam o atrito local, levando a uma reação inflamatória.
Quando o estímulo persiste por um período prolongado o tendão passa a sofrer uma degeneração ocorrendo a tendinose (lesão degenerativa do tendão).
Os sintomas da tendinite no joelho estão relacionados a um quadro inflamatório. Assim, as pessoas vão referir dor à palpação do tendão e dor ao movimento e alongamento do mesmo.
Edema (inchaço) e calor local podem ocorrer. Geralmente os sintomas melhoram com antiinflamatórios e analgésicos.
As principais tendinites nessa região estão relacionadas aos sintomas dos respectivos tendões, sendo dos principais o tendão patelar, o tendão do quadríceps, a pata de ganso (tendinite anserina), dos isquiotibiais e o trato iliotibial.
Rótula localizada na parte da frente do joelho, a patela é um osso tão fundamental que a tendinite no joelho é também conhecida como tendinite patelar – ou ainda síndrome do saltador.
Trata-se de uma inflamação no tendão da patela, que leva a intensa dor, sobretudo em atividades como saltos, corridas, caminhada ou demais exercícios físicos.
Até mesmo por isto, o distúrbio se torna muito comum em atletas de modalidades como futebol, tênis, basquete e atletismo (corrida de tiro curto), já que é resultado do uso excessivo dos músculos extensores durante algumas atividades, entre elas saltar e correr.
A tendinite patelar pode ser classificada em quatro níveis. São eles: dor leve após atividades físicas; dor logo no início dos exercícios, porém, sem que a pessoa perca o rendimento nos treinos; dor durante e após os exercícios, com perda de rendimento; e ruptura parcial ou total do tendão patelar.
A partir do diagnóstico, nós ortopedistas recomendamos, inicialmente, repouso do joelho afetado, lançando mão de uma faixa elástica na articulação e aplicação de gelo por 20 minutos, três vezes ao dia.
Entretanto, no caso de dor persistente por um período maior (entre 10 e 15 dias), o paciente deverá retornar ao especialista para o início de uma nova etapa do tratamento, com ingestão de remédios analgésicos e anti-inflamatórios -, como Ibuprofeno ou Naproxeno – para diminuição da inflamação e alívio da dor.
Além da medicação, são recomendadas também sessões de fisioterapia com aparelhos de eletroterapia (laser e ultrassom), que aliviam a dor e regeneram o tecido; e também realização de exercícios, como alongamento e fortalecimento para os músculos de toda a perna, essencialmente, os da parte da frente da coxa, deixando mais efetivo o processo de cicatrização do tendão afetado.
Embora estes procedimentos (repouso, medicação, fisioterapia e exercícios) sejam considerados eficazes, a cirurgia não está descartada para casos mais graves, que não tenham demonstrado evolução após três meses de tratamento.
Mais a frente falaremos sobre outras alternativas eficazes antes da cirurgia.
Por falar na parte da frente da coxa, esta musculatura é conhecida como quadríceps.
Dos quatro músculos que o compõem, três o anexam à patela e fazem a conexão com a tíbia: vasto medial, vasto lateral e vasto intermédio – o reto femoral é a exceção (têm origem na bacia, não na coxa).
E exatamente por esta ligação íntima com o osso rotular, o quadríceps é igualmente vulnerável a contusões. Outro ponto em comum são os principais alvos, ou seja, os atletas.
Pelo alto esforço empregado em sua atividade, são eles – profissionais ou amadores – os que correm maior risco.
Mas, independentemente da profissão, a verdade é que qualquer pessoa que pratique, no seu dia-a-dia, movimentos como correr, parar abruptamente e saltar podem sofrer os mesmos males.
E os sedentários? Estão livres deste traumatismo? A resposta é “não”, já que idade avançada, falta de flexibilidade e flacidez articular são fatores que podem levar a um quadro de tendinite.
Em todo caso, é claro que a ortopedia prevê tratamento para este tipo de contusão, mas também alerta para iniciativas que podem evitá-la.
Por exemplo, usar apenas calçados apropriados; e buscar orientação profissional para que não se cometa erros de frequência, intensidade e duração nos treinamentos.
Porém, se sintomas como inchaço, alta sensibilidade, calor local, dor e rigidez articular no joelho forem detectados, o quadro de tendinite do quadríceps pode ser confirmado através de diferentes métodos, que são selecionados de acordo com o nível da lesão.
São recomendados análise do histórico clinico e exame físico em caso de rigidez dos tecidos inflamados; raio-x, a fim de se constatar fraturas ou presença de calcificações na musculatura; e ressonância nuclear magnética ou exame de ultrassonografia para situações de lesões nas partes moles ou rupturas tendinosas.
Já para o tratamento, as técnicas também são escolhidas levando-se em consideração gravidade e sintomas. Em casos amenos, de inflamação tecidual, a opção é por repouso relativo (que se evita as atividades responsáveis pela dor) e uso de anti-inflamatórios.
A fisioterapia é indicada também em estágios iniciais da disfunção, para redução de inflamação e dor a partir de aplicação de gelo, massagens e estimulação elétrica. O ultrassom também é usado para limitar a dor e diminuir o edema.
Exercícios de fortalecimento e alongamento ajudam a a corrigir qualquer desequilíbrio muscular. O uso de tensores para patela, que diminuem dores durante atividades também é comum, assim como uso de calçados apropriados, para prática de esportes.
Quanto à cirurgia, trata-se de um recurso indicado para revascularizar o tecido lesionado e suturar as lesões. Em seguida, é realizada a remodelação para que se reestabeleça a função da região.
Felizmente, assim como na tendinite patelar, dispomos de outras terapias mais novas para o tratamento das lesões crônicas.
Da parte frontal da coxa para a posterior, onde estão os músculos isquiotibiais, que recebem este nome por terem origem no ísquio, porção inferior e posterior do osso ilíaco, localizado na ponta superior do fêmur. São eles: semitendíneo, semimembranáceo e bíceps femoral (cabeça longa).
Entre as funções que eles possuem em comum, estão fixação da tuberosidade isquiática (protuberância óssea no glúteo) ao músculo glúteo máximo; fixação distal nos ossos da perna; atuação nas articulações do quadril e dos joelhos, permitindo o movimentos de ambas para trás.
Uma das patologias mais comuns nesta área é a síndrome ou lesão dos isquiotibiais, que ocorre devido a um grande desgaste dos tendões, apresentando um processo inflamatório, podendo evoluir para um quadro de dor, diminuição da força muscular, desconforto ao sentar e limitações para treinar.
Outro problema recorrente é a bursite do bíceps femoral, que consiste na inflamação da bolsa de líquido que envolve o tendão deste músculo, encontrado na parte externa do joelho.
O primeiro sintoma é um pequeno desconforto, podendo chegar a uma dor que aumenta gradualmente até que se inicie um tratamento.
Entre as principais causas para lesões na região, se destaca a contração brusca e violenta dos músculos isquiotibiais, movimento muito comum também em modalidades esportivas como futebol e corridas de tiro curto no atletismo e ciclismo.
Para o diagnóstico, ortopedistas podem observar os sintomas e analisar resultados de testes físicos, ou até mesmo lançar mão de uma exame de imagem por ressonância magnética.
Já o tratamento – que pode variar de dias a meses de acordo com a gravidade – consiste em diferentes métodos.
Entre eles, aplicação de gelo e ligadura elástica na coxa, a fim de se comprimir a lesão; medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) ou analgésicos para alívio da dor; e uso de muletas em casos de dor ao caminhar.
Com a evolução no quadro, o paciente deverá evitar movimentos como correr ou saltar, até que recupere totalmente a força e a amplitude, tanto do quadríceps, como dos músculos isquiotibiais.
Outra lesão que pode agredir a articulação do joelho é a tendinite anserina, mais conhecida com pata de ganso, que se origina da inflamação de três tendões: sartório, grácil e semitendinoso.
Responsável pelo movimento de flexão do joelho, este grupo de músculos se encontra próximo à bursa anserina, como é chamada a bolsa com líquido que tem a função de reduzir atritos.
Esta tendinite atinge, costumeiramente, mulheres acima do peso e pessoas que sofrem com diabetes, pés chatos, deformidades do joelho ou outros problemas (como compressão dos nervos dos tendões; retração da musculatura posterior da coxa; e lesão do menisco medial) causados por traumas ou excesso de atividade física que impacte o joelho.
Já os sintomas mais comuns são dores no lado interno da articulação; limitações para subir e descer escadas; sensibilidade ao toque na região; dores intensas no joelho durante o movimento para sentar-se, e fisgadas durante uma caminhada.
Ao sinal dos primeiros sintomas, recomenda-se a procura por um ortopedista, que chegará ao diagnóstico definitivo através de exames, como ultrassom ou ressonância magnética.
Confirmada a tendinite, o profissional indicará o devido tratamento. Além do repouso, que evita a movimentação do joelho e ajuda os nervos da pata de ganso a se regenerarem existem outras tpecnicas que podem ser utilizadas:
Crioterapia, com aplicação de gelo para reduzir dor, inchaço e inflamação; medicamentos (como anti-inflamatórios ou até corticoide oral e injeção de anestésico com corticoide para certos casos), a fim de diminuir o processo inflamatório
Fisioterapia (ultrassom no joelho e estimulação elétrica transcutânea) com acompanhamento profissional, para fortalecer os músculos que sustentam o joelho e alongar os tendões;
E tambem a acupuntura, para estimular pontos específicos do corpo, com o intuito de diminuir a dor, levando o paciente a um mais confortável estado físico e mental.
A síndrome do atrito da banda iliotibial, popularmente chamada de síndrome do corredor, é mais uma patologia que pode acometer os joelhos e, mais uma vez, os atletas estão entre aqueles mais propensos a sofrer com tal lesão.
A banda é uma lâmina de tecido fibroso que cobre as faces lateral e externa da coxa, indo da pelve à tíbia, passando por quadril e joelho.
A lesão ocorre quando toda esta estrutura sofre com a realização de repetidos movimentos de dobrar e esticar o joelho, o que acontece exaustivamente, por exemplo, em corridas de longas distâncias, seja no atletismo ou no ciclismo.
Atletas de levantamento de peso, embora não percorram muitos quilômetros em seus treinos e competições, também estão no grupo de risco.
Tal reincidência nos mesmos movimentos faz com que uma bursa, encontrada abaixo da banda e responsável por proteger e facilitar o deslizamento entre as estruturas interligadas, seja levada a um quadro de inflamação.
No entanto, não é só a prática esportiva que pode levar uma pessoa a sofrer com a síndrome do corredor. Um conjunto de anomalias também pode levar ao diagnóstico.
São elas: pernas com comprimentos diferentes; inclinação incomum da pelve; joelhos varos (“para fora”); e enfraquecimento na musculatura glútea ou do quadríceps.
Mas e os sintomas? Seja por repetição ou anomalia, o paciente com a síndrome começa sofrendo com uma dor pontual na face externa do joelho, que costuma surgir durante a prática esportiva.
O incômodo pode evoluir, gradualmente, até que se torne inviável a continuação dos treinos.
Para o tratamento, a ortopedia prevê quatro tipos distintos de intervenção: uso de rolos (foamrollers) ou massagem manipulativa; fortalecimento muscular nos glúteos e no quadríceps; correção de erros de movimentos; aplicação de faixas de compressão no local da dor.
Hoje, com os avanços da medicina, dispomos de mais alternativas terapêuticas antes de se indicar uma cirurgia. Alternativas essas como infiltrações com medicamentos regenerativos como PRP (este ainda sem liberação da ANVISA), o ácido hialurônico e a proloterapia; e terapias não invasivas como o tratamento por ondas de choque radial e focal.
Através desses tratamentos estimulamos a regeneração ou cicatrização dessas estruturas, possibilitando o retorno aos esportes sem dor e diminuindo o risco de ruptura.
É importante enfatizar que só essas terapias não são o bastante, pois é preciso manter a fisioterapia para poder corrigir a causa do problema, as disfunções musculares.
O calor e o frio apresentam propriedades similares e ao mesmo tempo diferentes no que diz respeito aos seus efeitos terapêuticos.
Ambos apresentam efeitos analgésicos, entretanto, o gelo apresenta maior efeito anti-inflamatório, enquanto o calor permite um relaxamento dos tecidos permitindo uma melhor mobilidade.
Nesse sentido, o calor é mais indicado antes da pessoa realizar algum movimento que possa sobrecarregar o tendão, após isso e no repouso o gelo é melhor, no intuito de diminuir o quadro inflamatório.
Quanto às atividades físicas, qualquer atividade que envolva movimentos repetitivos para o tendão ou sobrecarga, deve ser evitada na fase inflamatória e no início do tratamento, para permitir ao tendão diminuir sua inflamação e iniciar a reparação.
O retorno das atividades deve ser progressivo de acordo com a evolução individual no tratamento.
A tendinite tem cura, desta forma, quando a pessoa a alcançar pode voltar a fazer qualquer atividade física.
É importante lembrar que da mesma forma que apareceu da primeira vez, ela pode voltar futuramente.
Espero que tenha gostado deste artigo, caso tenha ainda alguma outra dúvida ou gostaria de fazer algum comentário ou sugestão, escreva nos comentários abaixo.
Se gostaria de agendar uma consulta entre em contato com a clínica e agende uma consulta comigo, Dr Oliver Ulson, ficarei feliz em poder ajudar. Atendo como ortopedista em São Paulo (Itaim Bibi e Higienópolis) e Alphaville (Barueri / Santana de Parnaíba).
Referências
–Exercícios para quem tem tendinopatia patelar