Tendinite no Ombro


Índice

1. Tendinite no Ombro
2. Tendinite no Manguito rotador
3. Tendinite calcária
4. Lesão do Cabo longo do bíceps
5. Bursite do ombro
6. Conclusão
7. Referências

1. Tendinite no Ombro

A tendinite no ombro é um tipo de tendinopatia (doença do tendão) com característica inflamatória, que afeta principalmente os tendões do manguito rotador e o cabo longo do bíceps.

Ela esta relacionada ao uso de movimentos repetitivos no trabalho, ou em atividades diárias e também nas práticas esportivas esportivas.

2. Tendinite no Manguito rotador

Composto por quatro músculos (supra espinhal, infra espinhal, redondo menor e subescapular) que envolvem a articulação do ombro, o manguito tem duas grandes funções: a estabilização do úmero (o maior osso da parte superior do corpo humano que une o ombro ao cotovelo) e o equilíbrio dos movimentos do ombro.

Com tamanha exigência, não chega a ser incomum que a estrutura passe por lesões, que podem ser divididas em três etapas.

A primeira é marcada por edema, inflamação e hemorragia; a segunda apresenta um quadro de fibrose e tendinite, podendo apresentar ou não lesões parciais; e a terceira já conta com casos de ruptura completa do tendão, associada a alterações ósseas.

Sintomas

Os sintomas vão depender exatamente de em qual destas etapas o paciente estiver inserido.

As principais consequências da rotura são dores no ombro e na face lateral do braço causadas por gestos repetitivos, crepitação (mais conhecida como estalos) e dificuldades no movimento de elevação do braço, de abdução e de rotações.

Alguns movimentos cotidianos e específicos, como retirar o sutiã ou tirar a carteira do bolso de trás da calça, por exemplo, podem gerar enorme desconforto.

Ainda sobre os incômodos gerados por lesões no manguito rotador, é natural que o paciente sinta um incômodo maior na parte da noite.

Diagnóstico

Sobre o diagnóstico de contusão no manguito rotador, a avaliação clínica realizada por um especialista é fundamental para se detectar a frequência e a intensidade da lesão, além de possíveis fatores que levaram a este quadro.

As opções mais recomendadas por especialistas em ortopedia e traumatologia para esta identificação são exames de raio-X simples e ecografia.

Em alguns casos específicos, a ressonância magnética também pode ser recomendada.

Tratamento

Para se tratar lesões na estrutura do manguito, os métodos variam de acordo com o estágio da patologia.

Nas fases iniciais, a opção inicial é por um tratamento clínico a partir do uso de analgésicos e anti-inflamatórios a fim de reduzir os sintomas de dor.

Repouso, fisioterapia, reforço muscular e até eventuais infiltrações e a terapia de onda de choque, também fazem parte do tratamento.

Mas em raros casos, estas ações não alcançam o efeito desejado e a cirurgia pode ser indicada, podendo ser aberta ou artroscópica (uma técnica menos invasiva).

As possibilidades de intervenção podem ser as seguintes: acromioplastia; retirada de osteófitos acromioclaviculares; sutura do manguito; desbridamento da lesão e bursectomia; e tratamento de lesões do bíceps.

Apesar de ser extremamente importante para os movimentos do ombro, o manguito rotador não é o único foco de dores e lesões na articulação.

Diante de atividades diárias e repetitivas, outras chagas podem afetar indivíduos que atuam nas mais diferentes áreas profissionais.

Nada, porém, que a ortopedia não possa contornar, ajudando o paciente a levar uma vida mais saudável e livre de dores.

Abaixo, veremos outros distúrbios que podem acometer o ombro, como diagnosticar o problema e os tratamentos mais indicados:

3. Tendinite cálcaria

Tendinite-Calcaria

Tendinite Calcária no ombro

Uma enfermidade um pouco menos frequente, mas incapacitante e recorrente em pessoas que praticam esportes ou realizam muitos movimentos repetitivos com o ombro é a tendinite calcária, que consiste na calcificação de um ou mais tendões do manguito (a incidência maior é no supra espinhal, com 80% dos casos e no infra espinhal, com 15%).

Mais comum em mulheres entre 30 e 60 anos, a tendinite calcária costuma afetar mais o ombro direito, provocando fibrose e necrose do tendão, podendo levar até a uma degeneração.

Os principais sintomas para o paciente são dor na face lateral do braço, além de variados graus de restrição dos movimentos e limitações nas atividades.

Diagnóstico

Em caso de suspeita de tendinite calcária, existem diferentes maneiras de se chegar ao diagnóstico.

Algumas delas, como a ultrassonografia, é um exame rápido e barato que permite avaliar todos os tendões do ombro e a calcificação, entretanto depende de um examinador experiente

A ressonância nuclear magnética, permite uma análise completa da articulação, entretanto, não é o exame de escolha para acompanhar a evolução da tendinite calcária;

A tomografia computadorizada permite o diagnóstico, mas é a menos indicada para este tipo de tendinite, pois apresenta uma radiação maior e podemos fazer o diagnósticos através de outros métodos.

Dentre as opções, contudo, a mais recomendada é o exame radiográfico, que não apenas possibilita o diagnóstico definitivo, mas também detecta a fase da enfermidade. E este é um passo determinante para o início do tratamento.

Tratamento

Primeiramente, é necessário saber se a doença se encontra na etapa absortiva ou na de formação. No primeiro caso, o tratamento vai consistir, prioritariamente, na redução da dor e dos depósitos de cálcio.

Para isto, o profissional de saúde pode lançar mão de medicações anti-inflamatórias, infiltrações com anestésicos ou corticoides sistêmicos e, em último caso, uso de opiláceos (como a codeína e o tramadol), que produzem ações analgésicas potentes.

Já no segundo caso, o quadro de dor é constante, menos intenso do que na fase de reabsorção, é bem verdade, mas sem perspectiva de cura imediata.

A primeira opção é pelo tratamento considerado conservador, ou seja, sem que se recorra à cirurgia, dando prioridade à fisioterapia, terapia com ondas de choque, anti-inflamatórios não hormonais, proloterapia (estimulação à regeneração através de infiltração de medicações específicas, infiltrações com corticoide e barbotagem (procedimento de lavagem).

Caso este tipo de tratamento não surta efeito, com a persistência dos sintomas e das dores, o indicado é a intervenção cirúrgica, através de artroscopia, intervenção cirúrgica considerada minimamente invasiva, porém, eficaz e com um pós-operatório que exige pouco do paciente.

4. Lesão do Cabo longo do bíceps

O bíceps é um músculo que auxilia movimentos frequentes na rotina das pessoas. Entre eles, a flexão de cotovelo e a supinação do antebraço – o ato de girar um parafuso com uma chave de fenda, por exemplo.

Dividido em porção curta e porção longa, é com esta segunda que ele mantém uma ligação íntima com o ombro, o que pode levar a processos inflamatórios e degenerativos, traumas e lesões no manguito rotador.

O teste clínico para se diagnosticar alterações no chamado cabo longo do bíceps é feita através da palpação do mesmo e o teste de elevação do braço com o cotovelo estendido e com a palma da mão para cima (teste de Speed).

Assim, o exame físico completo da área e o exame de imagem (ressonância magnética ou ultrassom) são fundamentais. No entanto, em alguns casos, as lesões no bíceps só acabam sendo detectadas com precisão mesmo a partir de uma intervenção artroscópica.

Tratamento

Mas a princípio, assim como no caso da tendinite calcária em fase proliferativa (formação), a prioridade para tratar lesões no cabo longo do bíceps é mesmo um tratamento conservador (sem cirurgia).

O tratamento inicial, desta forma então, consiste em medidas anti-inflamatórias, fisioterapia, reequilíbrio muscular, terapia de ondas de choque e outras comentadas anteriormente.

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Tratamento de ondas de choque

Caso tal escolha não obtenha os resultados desejados, persistindo, assim, sintomas e dores, o tratamento cirúrgico é indicado, tendo o profissional duas opções. A tenotomia consiste em um corte simples no cabo longo do bíceps.

Considerado um procedimento rápido e prático, este tipo de intervenção faz com que o cabo longo deixe a articulação e perca a sua tensão no sulco, eliminando, deste modo, os sintomas sem que as funções da região sejam afetadas.

Ortopedistas alertam para a possibilidade de uma leve perda na capacidade de supinação, o que, muitas vezes, não chega a interferir na rotina do paciente.

A outra opção de procedimento cirúrgico é a tenodese. Trata-se de um corte no tendão do bíceps e a posterior fixação do tendão no úmero com a utilização de pontos, âncoras ou até mesmo parafusos.

A tedonese é mais recomendada para pacientes mais jovens, atletas, aqueles que trabalham constantemente com prono-supinação (caso de mecânicos, por exemplo) e em pessoas muito musculosas ou muito magras.

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Reabsorção de tendinite calcária após a realização da terapia de ondas de choque

5. Bursite do ombro

A origem desta enfermidade está nas bursas, nome dado a pequenas bolsas cheias de um líquido conhecido como sinóvia (por isto, também são chamadas bolsas sinovais) e que estão localizadas no ponto em que um músculo ou tendão tem atrito com o osso.

Uma das principais causadoras de dores na articulação e com um quadro clínico semelhante ao da tendinite, as bursites podem ser agudas ou até mesmo evoluírem para um quadro crônico, atingindo apenas um dos ombros ou ambos.

Causa da Bursite

Mas, afinal, o que leva uma pessoa a um quadro de bursite?

O que mais frequentemente leva alguém a sofrer com este mal são traumatismos e esforços repetitivos, sobretudo em algumas atividades profissionais específicas, como pintores e estocadores em depósitos.

Os adeptos de atividades físicas como musculação e natação, além de quaisquer outras que exijam o posicionamento dos braços acima da cabeça (conhecidos como “overhead sports”) também estão mais propensos.

Fora estes movimentos repetitivos, algumas doenças como reumatismo – e similares, como artrite reumatoide, gota e lúpus – podem levar a um quadro de bursite, cujos sintomas são inflamação localizada na parte lateral do ombro, podendo se expandir para braço e cotovelo.

Tais dores, ao se agravarem, se tornam mais perceptíveis pelo paciente ao realizar algum esforço ou até mesmo no momento de deitar-se para dormir, ficando impossibilitado de colocar qualquer peso sobre a região afetada.

Outro sintoma perceptível são crepitações (ou estalos) no momento em que a articulação é exigida.

Diagnóstico

Em caso de suspeita de bursite, os caminhos para diagnosticá-la são os seguintes:

A radiografia, que facilita a descoberta da doença e ainda ajuda a descartar outras como artrose ou tendinite calcificante;

A ecografia (ultrassom), propícia para visualizar o líquido na bursa;

A ressonância magnética nuclear, apontada por especialistas como aquela que tem a maior sensibilidade diagnóstica, capturando imagens em alta resolução das estruturas envolventes e descartando demais patologias intra-articulares.

Tratamento

Para o tratamento da bursite, a primeira opção recomendada é a medicação anti-inflamatória, através da aplicação de gel na região dolorida, a fim de aliviar a dor e diminuir a inflamação.

Outra possibilidade para o paciente é fazer uso destes medicamentos via oral, tomando os devidos cuidados para se evitar agressão às mucosas gástrica e duodenal, ou uso de medicações injetáveis, como corticoides (dexametasona, betametasona e triancinolona).

Além da medicação, especialistas recomendam também a fisioterapia, que ajuda a manter a função articular e a controlar a dor.

Outro benefício de um tratamento fisioterapêutico adequado é a prevenção de um quadro conhecido como “ombro congelado”, que implica numa rigidez severa da articulação.

No entanto, em caso de dor aguda, limitadora e persistente, a orientação é o tratamento, não invasivo, com infiltração ou injeção local de corticoides diluídos em anestésico.

Mas, se mesmo assim, o quadro não for invertido, o ortopedista deverá recorrer à artroscopia.

6. Conclusão

Como vimos, existem uma série de doenças relacionadas às tendinites do ombro e, uma avaliação por um especialista é fundamental para correta conduta e tratamento precoce. Lesões crônicas são mais difíceis de se tratar, assim, o diagnóstico precoce é fundamental!

Hoje temos uma grande quantidade de terapias para o tratamento das tendinopatias, de medicações e exercícios, até infiltrações, terapia de ondas de choque e cirurgias minimamente invasivas. E não se esqueça, a tendinite no ombro tem cura sim!

Espero que tenha lhe ajudado, agora se persiste com dúvidas ou necessita de uma consulta com ortopedista, ficarei honrado em poder lhe ajudar.

6. Referências:

-Tratamento conservador na síndrome do impacto no ombro

-A influência da mobilização articular nas tendinopatias dos músculos bíceps braquial e supra-espinal

-Tendinite no ombro (em inglês)

– Tendinite no ombro: causas e tratamento(em inglês)

– Tendinite no Manguito Rotador (em inglês)

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