Engana-se quem pensa que somente atletas – profissionais e amadores – sofrem com lesões no joelho. Embora aqueles que praticam esportes com intensidade e regularidade sejam, de fato, as principais vítimas de torsões e rupturas na articulação, qualquer pessoa pode ser acometida por tais patologias após sofrer um acidente doméstico ou “dar um mau jeito” no escritório, por exemplo.
Esta relevante incidência de disfunções no joelho se dá pela complexidade da articulação, formada por diferentes estruturas ósseas e tecidos moles. Dentro desta composição, existem diversos gatilhos para lesões, sendo um dos principais o Ligamento Cruzado Anterior, uma espécie de pequeno cordão (entre 25mm e 41mm) formado por fibras de colágeno que é responsável por funções importantíssimas na estrutura articulatória.
A boa notícia é que a ruptura no Ligamento Cruzado Anterior pode ser revertida e, em alguns casos, com tratamento conservador, sem necessidade de cirurgia. Mais abaixo, falaremos sobre estes procedimentos, mas, antes, vamos entender melhor como funciona este sensível tecido fibroso e que causas podem levá-lo a um quadro de lesão.
Se confirmado o quadro de lesão no Ligamento Cruzado Anterior, o ortopedista deverá optar pelo tratamento mais adequado a partir da avaliação de diferentes fatores. Entre eles, grau de lesão do ligamento (ruptura parcial ou total), idade e profissão do paciente, frequência e intensidade da prática de atividades físicas, sintomas remanescentes, existência de lesões associadas e a reação à lesão.
Quanto a este último ponto, existe até uma divisão em três categorias para enquadrar o paciente:
– Paciente compensante: aquele que conseguiu compensar a lesão parcial, com dores e instabilidade dentro de um nível razoável.
– Paciente adaptável: o que sente instabilidade e dor apenas em poucas ocasiões e não apresenta lesões associadas.
– Paciente não-compensante: são os que não puderam compensar o trauma e ainda sofrem com instabilidade, limitação de movimentos e atividades, além de perda funcional.
No terceiro caso, a orientação é para intervenção cirúrgica. Mas como nosso foco neste artigo é o tratamento conservador, vamos aos dois primeiros casos, que podem chegar a resultados satisfatórios sem precisar apelar para métodos invasivos.
Primeiramente, por mais que os pacientes que não necessitam de cirurgia já sejam enquadrados como “compensantes” ou “adaptáveis”, é importante que o ortopedista entenda as peculiaridades de cada caso. Abaixo, listamos perfis e situações de pacientes que podem se recuperar com o tratamento conservador:
– Pessoas que não necessitam, no dia-a-dia ou na profissão, realizar atividades com movimentos giratórios ou de desaceleração;
– Quem precisa realizar tais movimentos, mas consegue tocar a vida sem o ligamento – estes são conhecidos como “copers”, condição que pode ser diagnosticada a partir de testes físicos;
– Pacientes que sofrem com artrose (desgaste do joelho), mas que, dependendo da intensidade da patologia, conseguem se recuperar com fisioterapia e outros métodos não cirúrgicos;
– Aqueles que sofrem com doenças como artrite reumatoide, lúpus e hemofilia, que podem levar a um quadro de sinovite (inflamação no joelho), que pode ocasionar artrose e, consequentemente, uma lesão no Ligamento Cruzado Anterior. Neste tipo de situação, a cirurgia pode não compensar, e o tratamento conservador passa a ser uma boa alternativa.
Feita a opção pelo tratamento não cirúrgico, o paciente poderá ter inúmeros benefícios. Por exemplo, ampliar a capacidade estabilizadora dinâmica do joelho; retomar a mobilidade, a flexibilidade e a força muscular na região; reduzir a dor e o inchaço; e recuperar a confiança para realizar atividades cotidianas como caminhar, subir e descer escadas, e até praticar esportes.
Mas como chegar a estes resultados? A ver:
Os exercícios de fisioterapia são, sem dúvida, a principal recomendação de especialistas para o tratamento conservador da ruptura no Ligamento Cruzado Anterior. As sessões – que, em média, vão de 45 minutos a duas horas – podem ter início já no dia da lesão.
Ao longo do tratamento – realizado de três a cinco vezes por semana – o paciente deverá ser submetido a diferentes exercícios. Os mais recomendados são os seguintes:
– Bicicleta ergométrica (10 a 15 minutos) para o condicionamento cardiovascular;
– Compressas de gelo durante o repouso, com a perna elevada;
– Mobilização do osso patelar;
– Eletroterapia com ultrassom ou TENS (neuroestimulação elétrica transcutânea), que alivia a dor e facilita a regeneração do ligamento;
– Repetidos movimentos de flexão do joelho e Alongamentos, inicialmente com ajuda profissional;
– Isometria (técnica de contração muscular) para fortalecer toda a coxa;
– Agachamento e leg press para fortalecer as musculaturas abdutora e adutora do quadril, extensora e flexora do joelho.
TENS sendo aplicado no Joelho
Mesmo que o tratamento para ruptura no Ligamento Cruzado Anterior seja realizado com disciplina por parte do paciente – inclusive quanto aos momentos de repouso – é difícil determinar a duração do processo de recuperação, já que fatores como o estado de saúde e a idade de cada um devem ser levados em consideração.
No entanto, é possível estimar que jovens e adultos, que realizam os exercícios três vezes por semana, consigam reverter a lesão com aproximadamente 30 sessões.
Já a retomada das atividades esportivas demora um pouco mais. Para voltar à academia ou praticar novamente o esporte favorito, o paciente deve ganhar estabilidade na região afetada realizando exercícios específicos, como saltar na cama elástica, correr entrecruzando as pernas e também mudando bruscamente de direção, e girando.
O Ligamento Cruzado Anterior é um sensível e importante tecido fibroso localizado no interior do joelho, responsável por inúmeras funções, entre elas ligar o osso da coxa (fêmur) ao da perna (tíbia), dando, assim, estabilidade ao corpo humano. Porém, se muito exigido (principalmente, no caso dos atletas) pode se tornar um alvo em potencial de uma ruptura.
O tratamento para este tipo de lesão, pode ser cirúrgico, em casos mais graves, ou conservador, com exercícios de fisioterapia para a maioria dos pacientes.
Entre sessões de bicicleta ergométrica, compressa de gelo, alongamentos e eletroterapia, o tratamento não cirúrgico visa a benefícios como ampliar a capacidade estabilizadora dinâmica do joelho; retomar a mobilidade, a flexibilidade e a força muscular na região; e reduzir a dor e o inchaço, entre outros.
Espero que tenha esclarecido um pouco mais sobre a lesão do LCA, se persiste com dúvidas ou gostaria de fazer sugestões, escreva nos comentários abaixo. Agora, se gostaria de agendar uma consulta. Presto atendimentos por telemedicina, para aqueles que moram fora de São Paulo, ou consulta presencial Em Higienópolis, Itaim Bibi e Alphaville.
Referências (em inglês):
-Lesão na LCA requer cirurgia?